sexta-feira, 5 de junho de 2009

Ainda o "Inspector" Varatojo

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Volto a falar do “Inspector”; deste brilhante comunicador e estudioso da criminologia.
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O Dr. Artur Francisco Varatojo, era formado em Economia e Finanças e aos 50 anos de idade, licenciou-se em Direito tendo exercido durante muitos anos a profissão de advogado no seu escritório de Campo d’Ourique – Lisboa, bairro onde residia; também possuía o Curso Superior de Medicina Legal. Faleceu aos 80 anos de idade.
Desmistificando: O “Inspector" Varatojo era uma pessoa apaixonada pela literatura policial, pelo enigma e pelo mistério mas nunca exerceu funções na polícia. Contudo, foi apelidado de “Inspector”; gostava de ser tratado como tal e é essa a recordação que f
ica.
Nunca abandonava o seu cachimbo; não tivesse sido ele o fundador do Cachimbo Clube de Portugal!
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Este homem foi, sem sombra de dúvidas, uma figura extremamente popular. De salientar que a sua vida foi praticamente dedicada a estudar o “porquê” do crime. Esforçava-se para desvendar o enigma: “Qual a razão que levaria o homem a cometer um crime?”; “Que estará dentro da cabeça de um criminoso?” Caso se chegue à sua descoberta, evitar-se-á o cometimento de futuros crimes?
De trato afável, cativava as pessoas com quem privava e fazia com alguma regularidade as suas visitas a detidos, nomeadamente aos Estabelecimentos Prisionais da Zona Metropolitana de Lisboa.
Quem, da minha geração, não se recorda do “Inspector” Varatojo? Ele marcou indelevelmente gerações de leitores, de ouvintes e de telespectadores dos Órgãos de Comunicação Social (Rádio e Televisão).
O “Inspector” deixou milhares e milhares de páginas escritas nos jornais; escreveu livros e, na Revista POLÍCIA PORTUGUESA, deu a sua colaboração com a Secção “GINÁSIO MENTAL”, espaço a si reservado, desde Março/Abril de 1962 até sensivelmente ao ano de 1998, com crónicas, mensagens e contos, neles deixando a sua marca de “detective”, de investigações melindrosas e intrincadas.
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A importância da Revista da Polícia de Segurança Pública
A Revista POLÍCIA PORTUGUESA, é, por assim dizer, uma Instituição dentro da Polícia de Segurança Pública, que evoluiu naturalmente ao longo dos seus 72 anos de existência – desde 1937, inclusive.
Trata-se de um órgão de comunicação formativo e informativo dirigido a todos os elementos policiais e ao público em geral.
Muitos têm sido os seus directores e colaboradores que têm contribuído para um melhor aperfeiçoamento técnico-profissional dos milhares de leitores que têm proporcionado um acréscimo de conhecimentos, cujos objectivos e as intenções com que a mesma foi lançada, mantêm-se válidos e actuais.
Evidentemente que os seus Directores, de acordo com as circunstâncias, imprimiram o seu cunho pessoal, reflexo também, do seu empenhamento.
Quanto a colaboradores desta Revista septuagenária, destaco o Dr. Artur Varatojo que, com o seu espaço denominado “Ginásio Mental”, deixou uma obra impressionante muito para além do que seria “exigível” revelando uma verdadeira paixão pelo seu espaço reservado na Revista – Um produto do sonho e da sua própria vontade.
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A organização de Inquéritos Preliminares pelas Forças de Segurança
No ano de 1975, as Forças de Segurança elaboravam Autos de Notícia e faziam as suas Participações de factos ocorridos nas respectivas áreas de sua jurisdição e enviavam essas “peças de expediente” para os Tribunais (Ministério Publico).
Nesse mesmo ano, 1975, surgiu o Inquérito Preliminar (D. L. nº. 605/75) inicialmente baptizado como Inquérito Policial, traduzido numa actividade investigadora em que a simplificação, a celeridade e o carácter sumário das averiguações assumem especial relevo, com todas as consequências daí resultantes.
Não se compadecendo a própria justiça com delongas, pretendeu-se, com a simplificação do processo investigador, uma maior rapidez e celeridade, e daí que todo o inquérito preliminar seja dominado por uma sumariedade de investigação em ordem a uma recolha rápida de elementos sobre os factos denunciados, com a consequente formação da convicção do Ministério Público sobre os mesmos, e o chamamento dos seus autores a Juízo, através da dedução do respectivo requerimento/acusação (se houver lugar a tal).
Evidentemente que o inquérito preliminar dominado por princípios de simplificação e de celeridade, não assumiria o ritualismo de uma instrução preparatória, da qual se distingue perfeitamente, quer pelos diferentes princípios e motivações que o enformam, quer até pelas diferentes entidades que o conduzem. Tratando-se de uma investigação sumária, rápida e simples, era conduzida pela PSP ou pela GNR nos casos em que as denúncias lhes fossem feitas directamente.
A publicação do DL 605/75, implicou obviamente que fossem criadas Secções de Inquéritos Preliminares nos departamentos policiais, até então inexistentes.
Na Esquadra da PSP de Montijo, fui eu a pessoa incumbida de criar e de chefiar a Secção de Inquéritos, funções que desempenhei até ao mês de Maio de 1977.
Se é certo que já possuía alguma “bagagem” teórica trazida de cursos frequentados recentemente na Escola Prática de Polícia, de disciplinas de Código Penal, de Código de Processo Penal, de Investigação Criminal e de Direito Civil ali ministrados por professores altamente qualificados, nomeadamente: Dr. Borges de Pinho, Procurador da República; Subintendente Manuel dos Reis, Dr. António Pires de Lima, ao tempo Consultor Jurídico da PSP (ex-Bastonário da Ordem dos Advogados) e da leitura das crónicas do “Inspector” Varatojo publicadas na Revista da PSP baseadas em inovações doutrinárias assumidas face a determinadas questões; o “Inspector” colocava acento tónico nos actos das normas técnicas e tácticas de investigação criminal que estão previstas na lei de processo, que lhes define o formalismo a observar de modo a garantir a seriedade dos resultados obtidos e a defesa dos interesses do próprio arguido, tanto vale dizer, a garantir a própria justiça penal. Fundamentava a técnica geral de investigação em três pontos principais:
· Ver o que se conhece sobre o que se deseja investigar;
· Compreender os dados do problema;
· Estabelecer uma conclusão ou síntese, passando pelo exame dos pormenores, através da hipótese e da reflexão, às conexões gerais dos fenómenos.
Desde a identificação das faces palmares dos dedos, à análise de armas de fogo, de manchas de sangue e marcas genéticas, da documentação, das microanálises de microfotografia e das imprescindíveis declarações, nada lhe escapava para a “descoberta” dos supostos criminosos.

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Durante cerca de 36 anos, aproximadamente, o “Inspector” Artur Varatojo, publicou no seu ”Ginásio Mental” mais de duas centenas de crónicas, contos, histórias e mensagens.
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Ao acaso, extraí da Revista, 5 das suas crónicas que passo a transcrever:
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"O CRIME VISTO PELO INPECTOR VARATOJO
Em todo o mundo o polícia deve desempenhar a missão de protecção do povo, vigiando os bens de cada um, defendendo-lhe o lar e velando pelo cumprimento da lei.
Algumas vezes, nas minhas visitas a cadeias penitenciárias do nosso país e em conversa com reclusos, este problema tem sido levantado.
Quem vela pela protecção dos lares, dos haveres e da família dos próprios presos, durante o período da sua reclusão, sem ser a polícia?
E além do respeito pelas leis, os organismos policiais devem ainda reprimir os fortes, das arbitrariedades da sua imposição da força, sobre os fracos.
O criminoso por tendência não respeita a propriedade e os bens daqueles que mercê do seu labor, do seu esforço e às vezes do seu sacrifício, lutam dia a dia pela manutenção da família e pelo respeito a si próprios, numa vida difícil.
Há nele qualquer força escondida que o impele para o mau caminho, para a ambição, para o desejo incontido, de apropriação do que é pertença legítima dos outros, vivam eles num ambiente de abastança ou na pobreza de recursos.
Ele vive num mundo à parte, um mundo onde não existem princípios, respeito, consideração e moral.
É o seu mundo do crime.
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Numa casa humilde, na sombra húmida dum pátio, na proximidade duma azinhaga, vivem dois irmãos que ganham o sustento da sua vida como operários.
Há dias, o sono reparador de ambos, a anteceder mais um dia de trabalho, foi despertado por ruídos suspeitos no interior da sua pobre habitação.
A incredulidade de se sentirem assaltados, deu lugar à suspeita e o vulto que se movia entre os poucos móveis, transformou a dúvida em certeza.
Um gatuno escolhera a casa deles para actuar nessa noite.
Os dois irmãos acordaram prontos a defender o pouco que tinham, com a coragem que os mantém num trabalho digno e a força justa dos seus direitos.
Caíram sobre o intruso lutando para o subjugarem.
Sentindo-se descoberto e atacado, o assaltante resistiu.
Resistiu com violência, onde havia talvez laivos de medo e raiva, mas a razão dá energia e os locatários do «Pátio do Jaime» conseguiram subjugá-lo a custo.
Foi entregue à Polícia de Segurança Pública que por sua vez o enviou à Polícia Judiciária.
Era um homem sem residência certa e sem profissão definida.
Não quer trabalhar. O modo de vida como operário, que os dois irmãos escolheram, não lhe serve a ele.
Prefere espreitar a oportunidade para se apoderar dos magros cobres ganhos pelos outros, com o suor do seu rosto.
É solteiro. Não tem família.
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Que irá fazer dele a justiça? Castigá-lo apenas ou tentar recuperá-lo?
Quantos destes homens se profissionalizam depois numa cadeia e reconstroem uma vida... Conhecemos bastantes!
Este, segundo lemos na notícia, tem 46 anos e tem de meditar bastante na opção da vida para o futuro.
Quanto mais velho, mais fraco... até para a profissão de gatuno.
Foge-lhe a seiva do sangue moço para correr quando perseguido, escapa-se-lhe a agilidade e o golpe de vista, definham-se-lhe as poucas qualidades que lhe restam para se aperceber do perigo.
Agora foram dois irmãos a derrubá-lo, na defesa do seu lar, amanhã bastará um, se reincidir.
A prisão vai dar-lhe uma oportunidade de meditação e de reencontro com a sociedade. Oxalá ele saiba aproveitá-la para ganhar mais tarde o pão de cada dia e dormir descansado; ou acordará sobressaltado, de sono leve e atento, receando que outro se lhe infiltre em casa pela calada da noite tentando tirar-lhe o pouco que tenha.
Nessa altura ele poderá contar com o apoio da sociedade que o condenou e com o polícia da rua que vigiará para que descanse.
O mesmo talvez que agora o levou por um braço atè à esquadra, ou à cadeia, onde aguarda a sentença".
(Revista: Polícia Portuguesa, nº. 200 - Julho/Agosto - 1970)
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"O DIA DAS MÃES DOS POLÍCIAS ... E DOS OUTROS
Nas escolas primárias e nos liceus, as professoras e os professores colaboram em sugestões de lembrança: uma flor, um doce, um desenho simples ou uma quadra singela que perpetue, no alinhar duns versos, o dia mais belo:
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Deste-me tudo na vida,
Deste-me a vida também
É justo que te não esqueça
Neste dia, minha mãe!
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Escrevi isto há muitos anos, mas parece-me que a transcrição desta quadra é uma óptima abertura para a crónica de hoje.
Também é habitual ouvirmos dizer que: Mãe há só uma !... Não é verdade! Há muitas! Há centenas ou milhares de mães que neste dia são esquecidas, por isso pretendi dedicar-lhes a minha crónica de hoje:
Às mães dos polícias ... e dos presos
Às primeiras, porque a profissão dos filhos as deixa com o coração apertado todos os dias por saberem o risco que correm os seus rapazes... e as suas raparigas; e às segundas, por que não têm junto delas num dia em que gostariam de receber um beijo, uma carícia, sem que uma pesada mesa de pedra as separassem dos filhos, ou das filhas, num parlatório desconfortável.
Umas e outras são tantas vezes esquecidas...
As mães dos polícias, ao verem os filhos atingirem uma aspiração que os mobilizou para defensores da ordem, sabem que aquela farda azul pode constituir um alvo fácil para um marginal acossado pelo medo da captura e a arma que lhes atribuíram no regulamento ser igualmente um perigo, quando empunhada, pois estimulará o adversário para responder com uma bala fatal que lhes leve o filho.
Na escuridão dum beco, onde um grupo se droga, ou no assalto a um estabelecimento; na perseguição dum automóvel roubado, diariamente o seu coração de mãe em ânsias, velando por ele, enquanto no minúsculo oratótio do quarto, numa prece vai rezando e pedindo a Deus que o proteja.
É dia da mãe! Mas o seu João ou Pedro ou Manuel, Maria ou Cristina estão de serviço. Não terão talvez hipótese de enviar-lhe um beijo, telefonicamente que seja, e a única coisa que ela pede é que as 24 horas passem depressa sem que nada lhes aconteça.
No mesmo dia, do outro lado da margem da lei, uma outra mãe arranja um mimo para levar ao seu João ou Manuel, ou Joana, na hora da visita, tentando que o lenço molhado de lágrimas lhe devolva aos olhos uma expressão de ternura igual àquela em que o fitava, quando ele era garoto e regressava a casa, com os joelhos esfolados da primeira queda, ou um olho negro da primeira briga.
Tantas vezes o avisou: «Tem cuidado, filho!» «Não te dês com essa gente!» «Eu e teu pai somos pessoas dignas, que tentamos dar-te uma vida limpa».
Na primeira visita à esquadra a buscá-los lá estarão os outros filhos, os polícias, que os prenderam, por serem essas as regras do jogo da Lei.
Quantas vezes se terão encontrado, em posições adversas, os garotos que brincaram juntos na mesma rua, ou partilharam os mesmos bancos da escola? Uns, conseguiram superar as tentações da droga ou do furto fácil, ou a vida lhes amenizou o destino; outros cederam facilmente a um "charro" de droga, para uma viagem a um mundo frustrado que acabou nas injecções de heroína e nos assaltos às farmácias, ou ao roubo dum rádio, para obterem as elevadas quantias necessárias para o pagamento do preço do sonho fatal.
Filhos diferentes... de mães iguais!
Tão iguais, que tiveram dores semelhantes de parto, que os amamentaram e embalaram do mesmo modo no regaço sem saber se iam ser polícias... ou ladrões.
Eles sim, foram diferentes!
Houve um momento na vida de alguns, que os fez optar por uma estrada aparentemente mais fácil, no fim da qual, sem que estivesse bem sinalizada, surgiu o precipício onde foram despenhar as suas esperanças.
São as mães desses que agora esperam, em grupo, que um guarda venha dizer-lhes que podem entrar na hora da visita.
São essas que levam ao peito a dor de não saberem se eles, ou elas, vão recordar sequer que é dia da mãe e elas próprias hesitarão em lembrá-los.
Para que não sofram mais. Para que não dissimulem, para que não tenham de suster as lágrimas também à entrada, quando eram habituais só à saída.
Longe, nas aldeias, ou perto, nas cidades, ao contrário, estáticas, com a esperança nos olhos de receber a visita dos filhos, residem as mães dos polícias.
Não há em suas casas parlatórios, mas uma mesa simples, mais ou menos confortável. Da cozinha exala já um cheiro bom do prato predilecto deles que não vão deixar de aparecer nesse dia. 'Se não estiverem de serviço, é claro...'.
As que estão mais longe, passarão o dia com o ouvido à escuta do telefone que pode retinir dum momento para o outro em suas casas, ou na dum vizinho, ou mesmo da loja próxima que as mandará chamar.
«Veja lá, sr. José, não se esqueça!» «Se for o meu filho ou a minha filha, mande-me logo recado!»... «Eu hoje não saio de casa»... «Ele não costuma esquecer-se»... «Só se, de todo em todo, não puder telefonar!...» «Mas se não conseguir, escreve-me de certeza!...» «É tão bom o meu João, ou Pedro, ou Manuel, ou a Maria, ou a Cristina...».
É dia das mães! Das milhares que me não lêem, não me conhecem, ou nem sabem que eu existo.
É delas que eu quero lembrar-me hoje, como recordo a minha... que também já não existe!
Mães de polícias e de reclusos em especial, porque são, talvez, mães mais esquecidas hoje. Em lados opostos, mas nem por isso afastadas, antes unidas no mesmo sentido, carinhoso e maternal, pelos filhos.
Quero só que saibam que neste dia pretendo homenagear ambas: umas porque sofrem diariamente sabendo que o perigo ronda os filhos investidos de autoridade para patrulharem as ruas, os becos, os caminhos, as estradas, as casas, os veículos e os bens dos cidadãos do país arriscando a vida nessa missão.
Outras, porque o destino as privou de contacto, de carinho, dos beijos diários, e que apesar de serem agora homens e mulheres não a deixam esquecer nunca de quando foram crianças e elas ambicionavam para eles, uma vida melhor, de que elas ou o pai, pudessem orgulhar-se.
A ambas, que Deus lhes dê, ou tenha já dado, no dia das mães, a felicidade que merecem!"
(Revista: Polícia Portuguesa, nº. 87 - Maio/Junho - 1994).
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"O AGENTE CUSTÓDIO DAS DORES
Em garoto já ouvia meu pai falar neste agente famoso. Eu próprio tive o prazer de o conhecer pessoalmente. Aparecia, de vez em quando, no barbeiro da Rua do Século, onde eu costumava cortar o cabelo. Era, nessa altura, um homem forte que se movia com dificuldade, o peso dos anos agravando-lhe a mobilidade, sem lhe retirar a altivez do porte, nem diminuir-lhe o brilho arguto dos olhos, vivos ainda.
Encontrei o Custódio das Dores de novo, há dias. Nuns ABC de 1929 e 1931. O ABC, revista fundada por Mimon Anahory e Rocha Martins, apresentou ao público português da época escolhida colaboração onde debutaram nomes como o de Reinaldo Ferreira «O Repórter X», Eduardo Fernandes Esculápio, Guedes de Amorim e tantos outros nomes famosos das letras portuguesas.
Esculápio que eu igualmente recordo a descer o Chiado, empertigado no seu grande laço preto, chapéu branco de aba larga, marcando a posição de uma época, na personalidade da sua altiva figura, foi um extraordinário cronista da vida criminal portuguesa.
Conheceu e retratou os mais empedernidos cadastrados e os polícias mais notáveis.
Às suas notas fomos buscar dados biográficos de Custódio das Dores e de uma entrevista com o título «Faça alto, sr. detective», que julgamos ser do «Repórter X», os apontamentos de reportagem que a completam.
CUSTÓDIO DAS DORES
Nasceu em Braga, em 1886, e alistou-se na polícia aos 32 anos, em 1918. A sua carreira notabilizou-se pela persistência das suas investigações, pela memória excepcional que possuía e pela habilidade na caracterização e no disfarce.
O repórter que o entrevistou em 1931, começou por dirigir-lhe a seguinte pergunta:
- Quantas prisões realizou até hoje?
Custódio das Dores sorri, relativamente surpreendido com a curiosidade de repórter, mas informa:
- Sei lá! Não posso dar-lhe um número exacto. Mas vá lá, umas 8 000!
- Sabemos que a sua mestria em disfarçar-se lhe permite aproximar-se dos suspeitos sem ser surpreendido. Quer citar alguns que tenham dado melhor resultado?
- Geralmente uns óculos, um lenço ao pescoço e um boné em vez de chapéu...
Chamamos a atenção dos leitores que nos lêem para lhes recordarmos que a entrevista é feita em 1931, e este modo de trajar era característico dos malandrins do tempo. O lenço ao pescoço, reminiscências da moda apache, boné puxado para os olhos a esconder na sombra da pala uma parte do rosto, ou uns óculos que alterassem nitidamente a fisionomia.
Mas o repórter exigente e curioso como todos, sabendo quanto a curiosidade dos seus leitores necessitava ser esclarecida, insistiu:
- Mas diga-nos, se o «caso» requer um melindre especial que obrigue às maiores precauções.
- Ah, nesse caso, lanço mão de todas as máscaras. Vou contar-lhe um caso curioso, que marcou profundamente a minha carreira e que se passou comigo em Fevereiro de 1918.
A PRISÃO DA «PETIZA»
Tínhamos aí uma rapariga de nome Maria da Conceição e alcunhada como «A Petiza», que era uma das gatunas de forasteiros com mais larga folha de serviço.
Seguimo-la vários dias, mas ela, astuta e farejando o perigo, escapava-nos sempre, não dando ensejo a deitarmos-lhe a mão.
Uma noite, cansado de esperar pela ocasião de apanhá-la em flagrante, resolvi disfarçar-me de mulher e segui-la, os sapatos largos e grossos sem salto, facilitavam-me o andar.
Ela morava na Rua dos Vinagres, nº. 10, e estávamos perto da casa dela, quando a abordei, disfarçando também a voz, numa entoação feminina que saiu quase perfeita, felizmente. Disse-lhe que fora escorraçada pelo homem com quem vivia e sentia-me só e desamparada. Pedi-lhe que me auxiliasse. Quis saber se eu tinha quarto, e como lhe respondesse negativamente, disse-me para a seguir.
Quando chegámos ao quarto atirou-me para uma cama e gritou: Vou sair. Daqui a pouco devo voltar acompanhada de um homem. Não te mexas, ouças o que ouvires... E saiu!
Voltou uma meia hora depois. Através da cortina que separava a minha cama do quarto dela, pude aperceber-me do tipo do companheiro da «Petiza». Era um provinciano.
Quando ela se preparava para roubar o «anjinho», apareci e capturei-a. Foi a única vez que me vesti de mulher para exercer a minha profissão. Apesar de ter resultado, jurei não repetir.
- Mas diga-me, Custódio das Dores, o senhor tem prendido mais homens ou mulheres?
- Nem se compara! Mulheres!... Muito mais mulheres!
O repórter parece surpreendido mas não desarma e interroga ainda para finalizar. E diga-me, a si nunca o roubaram?
Custódio acena com a cabeça afirmativamente: - Sim!... Uma vez... durante um interrogatório. Palmaram-me o alfinete de gravata, mas no outro dia o gatuno mandou-mo.
Custódio das Dores, o agente, prendeu ainda na sua vida muitos mais delinquentes do que os 8 000 citados por ele na entrevista que relatámos. Correu o estrangeiro. Colaborou com agentes de diversos países na captura de gatunos célebres. Foi escolhido para representar entre nós importante associação de detectives americana. Julgamos nós tratar-se da Agência Pinkerton.
Na galeria de polícias famosos portugueses, o seu nome figurará sempre no lugar de destaque. Custódio das Dores, um senhor detective!"
(Revista: Polícia Portuguesa, nº. 78 - Novembro/Dezembro - 1992)
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"MARCHA CRIMINAL DE LISBOA
Lisboa saudosa das suas marchas, sorriu de contente. Pegou nos arcos, nos balões de vento da sua esperança, acendeu neles uma vela ao padroeiro das suas ilusões e veio para a rua. Cantou. Bailou. Bebeu.
Veio de encontro à nostalgia da Lisboa antiga, de chave no trinco da porta, do manjerico à janela e da alcachofra queimada no fogo do amor correspondido.
Depois, pensou melhor... e voltou atrás! Tirou a chave velha da porta e rodou a nova, de quatro entradas. Verificou se as chapas onduladas das montras estavam bem corridas, ligou o alarme, pediu à vizinha que chamasse a polícia se ouvisse qualquer coisa lá em casa; meteu na carteira só o necessário para tomar uma cerveja e comer um «prego» e saiu.
Escorreu das colinas para a Avenida da Liberdade onde iam desfilar as Marchas. Os arcos iluminados eram como jóias coruscantes no manto aveludado da sua noite fria. Os fatos garridos das jovens e dos pares, alegravam-na, com os atavios dos lenços e das saias rodadas.
Sentiu os apertos e premiu o cotovelo do sovaco. A malinha ainda lá estava. Tinha pouco, mas continha o cartão de identidade, o de contribuinte e o de eleitora que davam muito trabalho a conseguir.
Das outras vezes em que fora roubada, Lisboa, sabia bem o tempo que perdera para obter a nova documentação.
Nem queria recordar coisas tristes... Hoje era dia de festa, de marchas, de sardinha assada e «balde de três».
Para quê avivar a memória com os crimes que lhe enchiam os jornais, de notícias, de facadas e tiros, de golpes, de injúrias e ofensas à moral, que a não deixavam dormir?
Hoje, Lisboa era livre! Livre numa liberdade condicionada a uma Avenida que era palco de marchas.
Lá de dentro vinham os seus bairros cantando, indiferentes às casas que lhes caíam em ruínas, ao assalto dos ratos, ou ao cheiro nauseabundo das valetas por desentupir.
Eram todos lindos! Alegres. Buliçosos. Iluminados e versejantes em quadras que publicitavam os símbolos de cada um. Os corvos de S. Vicente, empoleirados nas vergas das naus, tinham vestido uma sobrecasaca de penas pretas novas, par comemorarem os quinhentos anos dos descobrimentos. O Stº. António da Sé, aconchegava o Menino Jesus a si e parecia protegê-lo, para o não deixar aperceber-se dos outros meninos que se prostituíam no vão escuro das escadas, ou que principiavam a aspirar, inconscientes, o fumo da droga.
A Marcha de Benfica deixara de querer para si o simbolismo da ingenuidade do saloio e do burrico que vinha trazer as couves da horta dos arrabaldes.
«Saloios» somos nós todos! e o «barrete que nos enfiaram», até aos olhos, nem dá para vermos já bem o preço das couves...
A Madragoa, envergonhada, por não ter varinas, hesitava em apresentar balcões de peixe congelado, mas sempre fora buscar ao passado o emblema das suas jovens de pernas elegantes, sacudindo as tairocas que tamborilavam no asfalto, e que o desenhador Stuart imortalizara nos seus desenhos à pena.
O Bairro Alto, sem damas antigas, teve de apresentar as «modernas», iguais às antigas, mas com fadistas das casas de fado, enquanto a Mouraria nos fornecia as «Severas», que de severas já tinham pouco. Agora, «severas, severas», só as contribuições!...
À medida que o desfile ao fim, Lisboa ia-se sentindo mais triste.
As marchas de cada um dos bairros não eram verdadeiras. Eram todas antigas. As figuras, embora animadas, recortavam-se nos seus olhos enchidos de lágrimas, como retratos duma enciclopédia longínqua, do passado.
Tinha rolado na Avenida da Liberdade, um século, numa vertiginosa corrida de poucas horas. Ao longe, chegavam-lhe ainda aos ouvidos os últimos acordes da última marcha que se afastava.
Lisboa traçou o xaile sobre os ombros. Apertou o nó do lenço que lhe escorria pelos cabelos e caminhou direita ao rio. Queria ver-se no espelho gigante que era seu, por direito próprio.
As ruas iam ficando desertas àquela hora e Lisboa sentiu medo. Temeu que um vulto a seguisse, lhe arrancasse a bolsa num puxão, a empurrase para um vão de escada e dois ou três mal-intencionados lhe rasgassem as roupas e a violassem.
Apressou o passo ao descer a Rua Augusta. Já não tinha carros que a percorressem. As luzes das montras tinham-se apagado e as grades, de colmeias metálicas, estavam corridas.
A enorme sala de visitas do Terreiro do Paço esvaziara-se de automóveis e pôde abeirar-se do Tejo, sem importunos.
Sentou-se num banco de pedra e mirou-se no espelho das suas águas esverdeadas e baças.
Tirou o lenço. Soltou os cabelos, das travessas e deixou-os cair pelas costas.
Esperou que se aquietassem as ondas para poder olhar-se no reflexo... e gritou! Um grito lamuriento.
Como estava velha, meu Deus! Que rugas fundas, que olheiras cansadas! Há muito que não se mirava assim, sozinha, nas águas do seu Tejo.
Até ele, que fora azul, era agora lodoso.
Tirou da bolsinha rendada fotos suas, antigas, e deixou que duas lágrimas rebeldes engrossassem o rio.
Como ela fora bonita...
Vestida de varina, de saloia, de dama antiga, de severa. Com a cintura fina e o peito firme a repuxar-lhe a blusa de chita, ou o xaile de seda. Como os seus olhos tinham sido belos e negros... Como a sua voz bem timbrada gritara pregões e trauteara refrães de revistas...
Em cada uma das fotos reviu a marcha de um dos seus bairros de há pouco.
Pegou nas fotografias amarelecidas pelo tempo e rasgou-as. Uma a uma, largando ao vento os minúsculos pedaços brilhantes do passado.
Quando caíram nas águas, ficaram à superfície, como lágrimas brancas a polvilharem um fundo escuro de tristeza.
Virou as costas ao espelho das águas que lhe trazia uma imagem que ela não queria ver.
Enfrentou as artérias das suas ruas desertas, como fios pretos do seu cabelo em desalinho.
Voltou a prender os cabelos com as «travessas» antigas, que agora eram ruas.
Ajeitou o lenço branco ao luar. Enrolou-se no manto escuro da noite fria e em voz dolente, rouca, de garganta cansada, entoou, sozinha, com versos novos a sua marcha antiga:
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Lá vai Lisboa
Com a saga criminal
Cada bairro tem o perigo
De ser à noite, mortal
Lá vai Lisboa
D'armas e facas na mão
E a morte no coração
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Bairro velho, bairro feio
De lama e lata
Cheiro da droga,
que mata!
Pelas esquinas, prostitutas
nas vielas
Trazendo a SIDA, com elas.
Com assaltos nas vivendas
e nas lojas
E no Metro, ou na rua
Crime avança, não recua
Crime ataca, a noite é sua
Lisboa marcha... mas nua!
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Lá vai Lisboa
Com a saga criminal
Cada bairro tem o perigo
De ser à noite, mortal
Lá vai Lisboa
D'armas e facas na mão
Com ameaças na boca
E a morte no coração".
Revista: Polícia Portuguesa, nº.94 - Julho/Agosto - 1995
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Tal como Platão utilizou a alegoria para explicar a transição do mundo das aparências para o mundo das ideias ou da realidade, também o "Inspector" Varatojo, aproveitando a sua superior actividade de brilhante estudioso da criminologia nos legou excelentes crónicas (Exemplo: A Marcha Criminal de Lisboa). Inclusive, Cristo fez uso da alegoria nas suas parábolas!
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O CRIME SÓ SE ORGANIZA... QUANDO A SOCIEDADE SE DESORGANIZA...
(Atenção! Esta crónica data de Julho/Agosto de 1996)
Já temos crime organizado em Portugal? Ainda não!... Lá iremos!... Lá iremos!...
O que temos é «bandos», que é uma espécie de criminalidade.
O crime organizado, tipo americano, «sindicalizado», ou italiano «mafializado» ainda não existe em Portugal.
«Sindicatos do Crime» como tomaram conta da América no período da Lei Seca, ou «padrinhos» directores de famílias mafiosas que fazem estremecer toda a estrutura legal duma sociedade, não me parece que já se tenham instalado por aqui.
O crime organizado, por assim dizer, que possuímos, é o que dirige o negócio da droga e que se infiltra à superfície da humanidade, como grande mancha negra de «crude» que flutua à superfície das águas e que vai matando as aves ingénuas que nela poisam.
Mas, de repente, o país foi alertado para o aumento da criminalidade oriundo dos «bandos» já baptizados conforme a cor prdominante dos seus membros. Brancos «Skinheads». Negros «Zulus»; «raps» ou «Black, boys». Curiosamente, pode notar-se que nenhum deles escolheu para identificação um nome genuinamente português o que prova a sua importação de figurinos estrangeiros.
Nós é que traduzimos os «Skinheads» por «cabeças rapadas», para facilitar.
Mas voltemos aos «bandos», às suas origens, às suas raízes criativas e às «razões» da sua existência.
Os culturalistas americanos definem-nos como «o produto duma subcultura delinquente mais ou menos latente, agindo como atrcção ou área de infestação e modelando um estilo de delinquência»
Quanto amim, são mais o subtituto duma família inexistente ou o desejo dum poder colectivo que é recusado ao adolescente isolado.
São alcateias de «lobinhos» que se juntam para demonstrarem a sua força e que se tornam ferozes para imporemo medo e o respeito aos maiores.
Lemay, que pretendeu estudar os bando como fenómenos anti-sociais, encontrou de comum em todos eles cinco pontos-chave à volta dos quais todos se satelitizam:
  1. O fenómeno banal da imitação nivelando condutas e hábitos, e criando símbolos de grupo, trajes, linguagem e emblemas.
  2. Hermetismo de grupo, fechando-se em si próprios e criando, mesmo, cerimónias de iniciação que levam os novos membros a provar que estão dispostos a cortar com todos os vínculos sociais e morais.
  3. Organização de relações internas e externas, determinante de pontos de encontro, marcação de território e filosofia de acção.
  4. Relação entre a dialéctica a adoptar entre chefe do bando e chefiados.
  5. Determinação do agravamento progressivo dos actos anti-socais. Luta comum contra outros bandos ou «gangs», contra a sociedade, que é representada na sua óptica de grupo, como a Polícia e os Tribunais.
O processo da redução da força desses bandos não será, quanto a mim, o aumento dos efectivos das forças policiais.
Não interessa saber onde e quando a Polícia ou a GNR vão actuar, mas como vão exercer essa acção; e como ela será interpretada pelos bandos... e pelos Tribunais.
E, evidentemente, como vai ser publicitada pelos meios de divulgação e comunicação.
Não custa prever que se um grupo de jovens de um bando correr à pedrada e ferir um agente da ordem, a notícia virá numa página interior com título pequeno:
Agente da autoridade, atingido com uma pedra por um bando de garotos.
Se o polícia, ou guarda republicano, perseguir alguns dos elementos do grupo e lhe der com o cassetete no rabo, provavelmente a titulagem da ocorrência nos jornais será outra:
Garoto barbaramente espancado à bastanoda por um agente da autoridade...
e provavelmente a notícia ilustrada com o rabo do miudo, negro pelo vergão das pancadas.
Mas se esse mesmo garoto for agredido pelo pai, com um cinturão, ou um pau, e der entrada no hospital, talvez não cheguemos a saber nada porque ninguém denuncia o agressor, que está a produzir um jovem delinquente revoltado que acabará por fugir de casa e refugiar-se num bando, onde os outros da sua idade com os mesmos problemas decidiram criar um grupo de acção.
Faço justiça ao «Expresso» dum certo sábado que noticiou o caso dum «gang» pacífico, respeitado por rufias e mais velhos e que nasceu da união de dois jovens, a Margarida e o António, e uma religiosa salesiana, Isabel Coutinho, que se propuseram fundar um «bando pacífico» para ajudar os jovens dos bairros degradados.
Isso. sim, é que - na minha opinião - seria cortar o mal pela raiz!
O ódio rácico, o xenofobismo, a revolta, a ferocidade, não podem combater-se com balas de borracha ou gases lacrimogéneos.
A América tem os porto-riquenhos, os negros, a ku-klux-klan, polícia a cavalo e grandes efectivos de motos, automóveis e agentes de autoridade.
Os seus índices de criminalidade diminuíram?
O fenómeno dos grupos de jovens rebeldes alastrou pelo mundo inteiro só variando os seus nomes:
Em França «blusões negros»; na Inglaterra os «teddy-boys»; na Alemanha os «halbstarken» e agora os «novos nazis»; na Itália os «teppisti»; na Suécia os «raggare»; os «taipozuku» no Japão... os «stliagui» na Rússia.
E em vossas casas? Não há violência dentro dos vossos filhos? Não usam blusões negros? Não se juntam à noite, à porta das vossas casas? Não têm motos potentes ou simples motorizadas? Não usam facas, correntes ou matracas? Não começaram já a fumar umas «passas» de haxixe?
Acatam os vossos conselhos?
Não vos respondem com agressividade? Não fazem ameaças? Não vos impõem exigências?
Não? Nada disto existe nos vossos lares? Os vossos filhos, amam-vos?
Então podem estar descansados! Nenhum deles faz parte de qualquer bando, porque vocês, quando eles eram ainda muito crianças, lhes souberam transmitir carinho e amor. Enfim... cortaram, a tempo, o mal pela raiz!"
(Revista: Polícia Portuguesa, nº. 100 - Julho/Agosto - 1996)
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Nas crónicas, contos, mensagens, etc. é fantástico o repositório da extraordinária actividade do "Inspector", legado na Revista. Do ponto de vista do estudo específico da criminologia foi particularmente notável e inconfundível, não só pela fluidez da linguagem como também pela subtileza da argumentação.
Em relação à Revista POLÍCIA PORTUGUESA, acrescentarei que é pouco vulgar uma revista bimestral manter-se viva durante tanto tempo. A data da sua primeira publicação reporta-se a Maio/Junho de 1937.
Neste Post falei somente da Secção "Ginásio Mental" do "Inspector" Artur Varatojo. Contudo, devo esclarecer o leitor que a revista é um autêntico veículo de informação e de cultura que versa sobretudo questões técnico-profissionais, noticiando outros acontecimentos de interesse para a vida da Polícia de Segurança Pública.
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Comentário:
Antónia disse...
É muito interessante este trabalho, assim não se esquece o nosso trabalho, os colegas e ficam as memórias, é bom recordar
Com os meus cumprimentos
M. A.
15 de Julho de 2009 15:31
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1 comentário:

Unknown disse...

É muito interessante este trabalho ,assim não se esquece o nosso trabalho,os colegas e ficam as memorias, é bom recordar
com os meus cumprimentos
M.A.