quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Padroeiro

Todas as Instituições têm o seu padroeiro ou padroeira, em obediência a um costume ancestral que se prende sobretudo com a necessidade de protecção. Hoje em dia, são os santos, as santas ou os santos doutores da Igreja que imperam, o que passou a ser natural desde os fins da Alta Idade Média, mas antes, no decurso da Antiguidade Clássica, dominavam as musas e os deuses, paulatinamente substituídos no imaginário dos homens, após o triunfo do cristianismo sobre o paganismo.
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O Auto da Ave Maria encena a construção de um Castelo da Salvação, símbolo da virtude da fortaleza, advinda da oração a Nossa Senhora. Um Diabo lamenta a sua expulsão da corte celestial e expressa a sua ira contra o Homem que o substitui no lugar afectivo de Deus. O Cavaleiro (que simboliza o Homem) abandona a construção do Castelo ao ser seduzido pela Sensualidade que derruba a sua companheira Razão e transforma-se num malfeitor sem escrúpulos. No entanto, conservou ainda um resto de devoção por Nossa Senhora e ao recomeçar a rezar uma Ave Maria surgem os Arcanjos São Miguel, São Rafael, São Gabriel, que vencem o Diabo e entregam a Razão por esposa ao Cavaleiro, numa celebração da vitória do Bem sobre o Mal que abre o caminho para a Salvação. É possível que este auto tenha sido representado a pedido de alguma Confraria do Rosário, de inspiração dominicana, devota da Virgem Maria, que promovia o uso constante da oração Ave Maria para o fortalecimento espiritual.
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Retratos do Quotidiano - Séc. XVI - Teatro de António Prestes - Revista Clube do Coleccionador, Jul2008.

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